A história do mel é inspiradora, o fruto do trabalho das abelhas fez parte de diversas culturas no decorrer dos séculos, aparecendo na literatura, na religião e na arte de civilizações como os egípcios, hebreus, maias, hindus, gregos e de povos primitivos da Europa.
Na nossa atual cultura, o mel faz parte de hábitos tradicionais da família brasileira e compõe inovações da alta gastronomia, sendo muito importante economicamente para as pessoas, pois gera renda, empregos e se posiciona como uma alternativa natural e sustentável para nossa nutrição.
Ao olhar a história do mel, percebemos o quanto ele impactou pessoas de diversas perspectivas culturais, desde os mais anônimos habitantes das cavernas até reis, filósofos e nós que, nos dias de hoje, temos o mel como algo valoroso e estimado.
Das cavernas às nossas casas
Nas paredes de uma caverna espanhola, foi encontrada uma gravura muito interessante. Ela retrata uma mulher extraindo mel de uma colmeia. É estimado que o desenho tenha sido feito por volta do ano de 7000 a.C., sendo este um dos registros mais antigos de toda a história do mel.
Além desse brilhante vestígio, outras culturas e povos deixaram materiais arqueológicos que demonstraram que o mel fazia parte de suas realidades. Em alguns casos, havia até mesmo o mel sendo usado como empreendimento econômico e recebendo métodos semelhantes aos processos industriais.
A indústria egípcia do mel
Hieróglifos egípcios de cerca de 2400 a.C. demonstram um processo bem avançado da extração do mel, representado desde a extração com o uso de fumaça para espantar as abelhas, até a finalização com a armazenagem do produto em embalagens de barro.
Além disso, arqueólogos encontraram notas egípcias de 1500 a.C. que descrevem jarros cheios de mel sendo usados como pagamento por parte de camponeses e oficiais do reino responsáveis por receber o produto que seria usado nos templos religiosos da época.
Os conselhos do Rei Salomão
A história hebraica conta com um ilustre adepto do mel. O Rei Salomão é considerado pela cultura judaica como um dos homens mais sábios de todos os tempos, e enquanto ele governava o reino de Israel, por volta dos anos de 966 a 926 a.C., ele escreveu uma série de conselhos, compilados no conhecido livro de provérbios que compõe a Bíblia até hoje. Nessa obra, Salomão aconselha:
“Meu filho, coma mel, pois é bom, e o favo é doce ao paladar.”
Provérbios 3:24
Além dessa indicação de Salomão marcando a história do mel, no livro de Êxodo, um dos primeiros da Bíblia e da Torá, a terra prometida aos hebreus após serem libertos do Egito é descrita como um lugar que produz leite e mel com fartura. E em outras passagens dos livros bíblicos o mel é citado em diversos contextos, muitas vezes em sinal de prosperidade e fartura.
Um apicultor chamado Aristóteles
Sim, o grande filósofo grego Aristóteles é um dos apicultores mais famosos da história do mel e, além disso, um grande redator sobre o assunto. No livro IX da obra “Historia Animalium”, ele transborda conhecimento sobre a apicultura, relatando como era a produção de mel na Grécia Antiga.
Esse estudo foi realizado e escrito entre os anos 344 e 342 a.C. e nele também é detalhado alguns aspectos do comportamento das abelhas, bem como práticas de manejo para melhorar a qualidade do mel e aumentar sua produtividade.
O empreendimento dos irmãos romanos
A cultura do Império Romano também era adepta ao mel em seus hábitos cotidianos, mas, além disso, gerava conhecimento científico sobre o assunto e havia empreendimentos apícolas que deixaram até rastros contábeis para a história do mel.
Estudos romanos datados de 116 a 27 a.C. retratavam a realidade das colmeias, dando detalhes de sua constituição física, essas informações eram aparentemente difundidas em ambientes escolares.
Mas um ponto que chama a atenção é que a apicultura era um empreendimento rentável no Império Romano. Dois irmãos de sobrenome Veianius, habitantes de uma província romana na Espanha, desenvolveram um jardim exclusivo para a produção de mel, através dessa iniciativa, eles chegaram a faturar anualmente cerca de 10.000 sestércios (antiga moeda romana) com o apiário, o que seria o equivalente, nos dias de hoje, a aproximadamente 20.000 dólares ou em torno de 100.000 reais.
O mel nos contos de fada
Em toda história da Europa medieval, o mel acaba aparecendo no folclore dos povos russos, poloneses, suíços e alemães. O mel atravessou os séculos compondo as tradições culinárias e participando de contos e lendas.
No famoso conto de fadas russo “Vasilisa, a Bela”, que possui duas adaptações para o cinema, o mel faz parte da narrativa, sendo retirado em um determinado momento de uma árvore oca habitada por abelhas selvagens.
Na Alemanha, o mel surge no conto dos Irmãos Grimm “A Abelha Rainha”. Em seu desfecho, o protagonista se casa com uma dentre três princesas, a escolhida é identificada por ser a mais jovem e por ter ingerido mel antes de adormecer em um sono profundo.
Apicultores protegidos pelas leis inglesas
Na Inglaterra, por volta do ano 1000, uma lei foi promulgada onde, de certa forma, a prática profissional do apicultor é regulamentada e protegida. O documento foi publicado com o nome “Rectitudines Singularum Personarum”, e em uma tradução mais livre seria “Direito das Pessoas Físicas”.
Nessa publicação, os apicultores são autorizados a extrair mel de colmeias selvagens ou artesanais e, além disso, são determinadas punições para quem roubar o mel ou as colmeias dos apicultores autorizados.
Muito mais histórias para contar
Ao desenvolvermos esse material, nos deparamos com um lindo universo cultural e percebemos que a história do mel é muito mais rica do que imaginávamos. Por isso, já vamos adiantando que haverá outros conteúdos sobre esse tema.
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