O mel sempre esteve no imaginário popular como um produto que faz bem à saúde, sendo usado de maneira doméstica como um alimento até mesmo medicinal. Além disso, o mel proporciona outros produtos como a Própolis, o Pólen e a Geleia Real, que são frequentemente comercializados como saudáveis e terapêuticos.
Mas será que o caráter medicinal do mel é só uma crendice popular ou isso tem realmente alguma base científica? Para buscar confirmação na ciência sobre algumas propriedades do mel tradicionalmente divulgadas como benéficas à saúde, nos aprofundamos nesse assunto. São elas:
– Propriedades antimicrobianas
– Eficácia no combate às feridas
– Efeito antioxidante
Propriedades antimicrobianas
Segundo estudos de uma Universidade da Índia, a importância medicinal do mel está documentada nas literaturas médicas mais antigas do mundo e, desde sempre, o mel é conhecido por possuir propriedades antimicrobianas, bem como atividade de cicatrização de feridas.
As propriedades cicatrizantes do mel devem-se ao fato de que ele oferece atividade antibacteriana, mantendo uma condição úmida da ferida e sua alta viscosidade ajuda a fornecer uma barreira protetora para prevenir infecções.
Sua propriedade imunomoduladora também é relevante para o reparo de regiões infecionadas. Imunomoduladores são substâncias que ajudam o sistema imunológico oferecendo melhor resposta contra vírus, bactérias, fungos e protozoários.
A atividade antimicrobiana na maioria dos méis se deve à produção enzimática de peróxido de hidrogênio. Algumas variedades de mel têm potente atividade bactericida, sendo eficazes contra bactérias resistentes a antibióticos.
Mandal MD, Mandal S. Honey: its medicinal property and antibacterial activity. Asian Pac J Trop Biomed. 2011 Apr;1(2):154-60. doi: 10.1016/S2221-1691(11)60016-6. PMID: 23569748; PMCID: PMC3609166.
Eficácia no combate às feridas
De acordo com um parecer científico de um instituto de pesquisas de Nova York, o mel é um produto natural que foi introduzido na medicina moderna por suas propriedades antibacterianas e seus efeitos na cicatrização de feridas recentemente confirmados pela ciência.
Estudos de laboratório e ensaios clínicos mostraram que o mel é um agente antibacteriano eficaz que ajuda na cicatrização de feridas e na esterilização de áreas infectadas. Dados mostram que as propriedades curativas do mel incluem o estímulo do crescimento de tecido e a minimização da formação de cicatrizes. Esses efeitos são variáveis à acidez do mel, teor de peróxido de hidrogênio e conteúdo nutricional.
As prostaglandinas (grupo de lipídios produzidos em locais de dano ou infecção tecidual) e o óxido nítrico desempenham um papel importante na situação das inflamações, influenciando na morte microbiana e no processo de cicatrização. Descobriu-se que o mel controla os níveis de prostaglandina e óxido nítrico, tornando-os favoráveis à saúde, o que explica algumas propriedades biológicas e terapêuticas do mel, especificamente a antibacteriana e a cicatrizante.
Méis de diferentes áreas geográficas têm efeitos medicinais consideráveis em feridas crônicas, úlceras e queimaduras. Os resultados encorajam o uso do mel na prática clínica como cicatrizante natural e seguro.
Al-Waili N, Salom K, Al-Ghamdi AA. Honey for wound healing, ulcers, and burns; data supporting its use in clinical practice. ScientificWorldJournal. 2011 Apr 5;11:766-87. doi: 10.1100/tsw.2011.78. PMID: 21479349; PMCID: PMC5720113.
Efeitos antioxidantes
Um artigo de uma universidade da Malásia afirmou que, com base na literatura, as vitaminas não contribuem para a capacidade antioxidante do mel, no entanto, o conteúdo de ácidos fenólicos e flavonoides são responsáveis por sua atividade antioxidante.
Zawawi N, Chong PJ, Mohd Tom NN, Saiful Anuar NS, Mohammad SM, Ismail N, Jusoh AZ. Establishing Relationship between Vitamins, Total Phenolic and Total Flavonoid Content and Antioxidant Activities in Various Honey Types. Molecules. 2021 Jul 21;26(15):4399. doi: 10.3390/molecules26154399. PMID: 34361551; PMCID: PMC8347116.
Um estudo mais profundo foi realizado por uma Universidade Polonesa, onde se investigou o caráter antioxidante dos méis. Foi averiguado que a intensidade das atividades antioxidantes varia de acordo com a florada do mel, a mais forte encontrada nos estudos poloneses foi a do trigo sarraceno, mas em geral os méis analisados foram caracterizados por suas altas atividades antioxidantes.
Outro ponto interessante que foi constatado é que os méis escuros apresentaram melhor atividade antioxidante em comparação aos méis claros, mas sempre com algumas exceções. Foi visto também a tendência de maior atividade antioxidante nos méis de melato em relação aos méis comuns.
Dżugan M, Tomczyk M, Sowa P, Grabek-Lejko D. Antioxidant Activity as Biomarker of Honey Variety. Molecules. 2018 Aug 18;23(8):2069. doi: 10.3390/molecules23082069. PMID: 30126199; PMCID: PMC6222484.
O que concluímos é que o fato de o mel fazer bem à saúde não é fruto somente da cultura e do imaginário popular, mas possui base científica comprovada. Continue acompanhando o Blog do Clube do Mel e fique por dentro de informações de qualidade sobre o universo apícola.