A produção de mel do Brasil proporciona uma riqueza cultural inestimável. Confira nossa postagem e saiba quais são as principais regiões que produzem mel em nosso país.
O Brasil é uma nação continental que abriga inúmeros biomas e cada um deles proporciona diferentes floradas para que as abelhas fabriquem o seu mel. Isso faz com que a produção de mel brasileira seja rica em diversidade e originalidade.
A amplitude de nossa flora é grande, temos florestas tropicais como a Mata Atlântica, regiões semiáridas como a caatinga e áreas irrigadas como o pantanal, por isso, nossa apicultura é privilegiada.
Um termo muito usado no universo do mel, do vinho e do café é o terroir, palavra francesa que significa “pedaço de terra cultivada”. É quando o produto traz em seu sabor a identidade da região em que foi extraído. Para entender melhor o universo do nosso mel, falaremos um pouco das regionalidades da produção brasileira.
Ortigueira
Podemos dizer que Ortigueira, um pequeno município do interior do Paraná, é um verdadeiro gigante da apicultura nacional. A cidade é a número 1 na produção brasileira de mel, com mais de 40 produtores organizados e comprometidos com a qualidade do produto.
Sua principal florada é o Capixingui (Croton floribundus), que proporciona um mel considerado exótico, com sabor agradável e textura cremosa. Uma variedade que ganhou o mundo, sendo exportada para os Estados Unidos, Inglaterra, França, Oriente Médio e outros países. É bastante requisitado por conta de suas harmonizações na alta gastronomia.
Planalto Catarinense
Se a apicultura paranaense conta com o maior volume de mel produzido, Santa Catarina tem a variedade brasileira mais valorizada no exterior. O mel de melato de Bracatinga é o mais caro de todo o país, sendo muito requisitado no exterior, por conta disso, cerca de 95% do mel catarinense é exportado.
O alto valor dessa iguaria se deve a múltiplos fatores, primeiro porque ele é produzido a cada 2 anos, o que o torna mais raro, outro ponto são seus compostos bioativos benéficos à saúde e o fato de que o mel de melato apresenta menores quantidades de frutose e glicose, o que faz com que ele não cristalize como o mel floral, melhorando a experiência de consumo.
Caatinga
A caatinga é considerada um patrimônio biológico mundial, está compreendida nos territórios de todos os estados do Nordeste e Norte de Minas Gerais. Mesmo que seja uma região semiárida, possui uma admirável diversidade de flora.
As principais floradas apícolas da caatinga são o bamburral (Mesosphaerum suaveloens) e a jitirana (Ipomoea cairica), que produzem méis considerados exóticos e raros. O mel de jitirana tem sabor acentuado, cor âmbar escuro e viscosidade mediana. O mel de bamburral é bem aromático, de sabor suave e levemente picante.
A Chapada Diamantina faz parte do território da caatinga e fica localizada na Bahia, trata-se de um parque natural cheio de belezas naturais que proporciona variedades de méis silvestres orgânicos, com certificações que comprovam sua origem.
O parque nacional Serra da Capivara fica no Sul do Piauí e proporciona um dos méis mais procurados da nossa nação, o mel de marmeleiro (Croton blanchetianus), que possui raras e incríveis notas de cravo-da-índia em seu sabor.
Serra do Roncador
A Serra do Roncador é um paraíso natural localizado no estado do Mato Grosso, uma região que tradicionalmente não produzia mel em escala comercial, mas hoje é um dos berços da apicultura brasileira.
Tudo começou quando a acácia-australiana (Acacia mangium) foi introduzida no território com o objetivo de recuperar áreas ambientais degradadas. Dessa florada, surgiu o mel de acácia, uma variedade que foi muito aceita pelo mercado brasileiro.
O mel de acácia é leve e tem o sabor suave, mas há um tipo cremoso desse mel com coloração esbranquiçada como a manteiga, textura pastosa e aveludada como um doce de leite ou requeijão, o mel cremoso de acácia se tornou uma alternativa de originalidade no portfólio do mel brasileiro.
Pantanal
O pantanal abriga paisagens paradisíacas e uma diversidade de flora e fauna sem igual, sendo uma das maiores regiões alagadas do mundo. Ele está localizado nos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, sendo muito importante para a diversidade do nosso mel.
A principal florada da região é o cipó-uva (Serjania lethalis), planta nativa da região, que oferece um mel suave, floral e muito nutritivo. O mel silvestre orgânico do pantanal é também outro ponto alto da apicultura da região, proporcionando uma variedade bastante medicinal.
Mata Atlântica
A Mata Atlântica é uma floresta tropical presente em diversas regiões brasileiras como Sudeste, Sul, Nordeste e Centro-oeste, com uma imensa variedade de fauna e flora, proporcionando diversas possibilidades para a apicultura, seja em relação a floradas específicas ou para o mel silvestre.
Umas das floradas mais características é o angico, com duas variações: Anadenanthera colubrina e Piptadenia moniliformis (angico-de-bezerro), sendo a primeira mais recorrente na produção de mel. As abelhas produzem, através dessas plantas, um mel de sabor agradavelmente suave.
Em relação ao mel silvestre da Mata Atlântica, é muito pertinente citar a extração no Norte da Bahia, que oferece uma variedade de cor âmbar dourada, viscosidade mediana, levemente aromático e sabor suave. Outro grande destaque é o mel de uva japonesa, extraído no Rio Grande do Sul em uma região preservada da Mata Atlântica. Sendo considerado um dos melhores méis do estado, essa florada gera um mel raro e considerado nobre, com aroma forte, sabor suave e cristalização lenta.
Outras regionalidades
Não podemos deixar de citar algumas regionalidades importantes do Brasil, como o mel do Rio Grande do Sul que disputa com o Paraná o posto de maior produtor nacional. A produção gaúcha é muito ampla, diversa e rica, a ponto de não conseguirmos limitá-la como um terroir, mas, sim, como uma região produtora de diversos tipos de mel.
O Vale do Jequitinhonha oferece o mel de melato de aroeira (Myracrodruon urundeuva), uma variedade exótica e bastante procurada. No estado de São Paulo, é comum o mel de laranjeira e, em Minas Gerais, o mel do cafeeiro. Na Amazônia, as protagonistas são as abelhas sem ferrão que, além de fabricar méis exóticos e raros, ajudam na manutenção da floresta.
O Clube do Mel continua se aprofundando no universo do mel brasileiro para oferecer os melhores produtos e informações de qualidade para você. Acompanhe nosso Blog e fique por dentro dos detalhes da apicultura brasileira.