O Brasil conta com uma biodiversidade notável, o que nos proporciona uma variedade muito rica de méis. Além disso, o apicultor brasileiro é bem-informado, atualizado e sempre busca novas perspectivas de produção, chegando a trazer variedades de outros países a fim de enriquecer o portfólio da apicultura nacional.
Mas em meio a tantas possibilidades, nem sempre temos claro em nossa mente a diferença entre nossos tipos de mel e sobre quais deles são originários de outras nações. Primeiro, precisamos entender que as floradas determinam a identidade do mel e, a partir delas, podemos compreender mais detalhadamente nossas variedades.
A florada está para o mel como o tipo de uva está para o vinho. As abelhas retiram das flores a matéria-prima para a produção, assim, cada tipo de planta gera um mel diferente, com suas particularidades e peculiaridades. Temos que entender também que existem méis uniflorais, produzidos a partir de um só tipo de flor, e os multiflorais, produzido por uma combinação de diferentes flores.
Mel de angico
O mel de angico é proveniente da Mata Atlântica, sendo extraído de duas plantas diferentes, angico (Anadenanthera colubrina) e angico-de-bezerro (Piptadenia moniliformis), sendo a primeira variedade a mais comum na produção de mel.
Trata-se de uma árvore grande e imponente, que tem se tornado rara pelo falo de ser usada para a construção rural e para a fabricação de carvão. As abelhas (Apis mellifera) se comportam muito bem com essa planta, produzindo um mel de sabor agradavelmente suave.
Origem: Mata Atlântica
Cor: clara (acobreada)
Sabor: suave
Saúde: bom para as vias respiratórias
Mel de aroeira
A aroeira (Myracrodruon urundeuva) é uma árvore nativa do Vale do Jequitinhonha, mas está presente em diversas regiões do país, como Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste. Sua floração acontece entre os meses de maio de julho.
O mel dessa variedade não é extraído das flores, mas, sim, do néctar da árvore e do melato, solução gerada pelos insetos que sugam a planta e depois expelem a substância em forma líquida. Isso proporciona uma coloração mais escura para o mel.
Origem: Vale do Jequitinhonha
Cor: escuro (âmbar)
Sabor: suave
Saúde: bom para as sistema imunológico e estômago
Mel de acácia
O diferencial do mel de acácia é a alta solubilidade e o sabor neutro, que ajuda a ser ingerido junto de alimentos como iogurte, leite e sucos. Ele não cristaliza e tem alto teor de frutose, contribuindo para dietas de quem pratica exercícios.
Mesmo que a acácia seja de origem australiana e africana, o mel de acácia começou a ser produzido no estado do Mato Grosso, mais precisamente na Serra do Roncador, região que acabou por assinar a origem dessa variedade, atualmente tão popular em nosso país.
Origem: Serra do Roncador
Cor: claro
Sabor: neutro
Saúde: bom para o sistema gastrointestinal e anti-inflamatório
Mel de cafeeiro
Para entender o mel do cafeeiro, é preciso entender um pouco de café. No Brasil, duas variedades são cultivadas, o café arábica (coffea arábica) e o café conilon (coffea canephora). A variedade arábica é cultivada predominantemente em Minas Gerais, e a conilon no estado do Espírito Santo.
O mel da variedade arábica é um pouco mais claro, já o da variedade conilon é mais escuro, com coloração âmbar. As abelhas o extraem do néctar e do pólen. No caso do néctar, há a presença de cafeína, fato que, curiosamente, chega a “viciar” as abelhas.
Origem: regiões cafeeiras (Minas Gerais e Espírito Santo)
Cor: 2 variações (claro e âmbar)
Sabor: suave
Saúde: propriedades anti-inflamatórias e analgésicas
Mel de capixingui
O capixingui (Croton floribundus) é encontrado em todo o Brasil, mas é predominante na região da Serra da Mantiqueira e bastante produzido no Paraná, principalmente na cidade de Ortigueira, munícipio referência na produção de mel em nosso país.
O mel de capixingui é considerado exótico e apurado, seu sabor característico faz com que ele seja recomendado para harmonizações da alta gastronomia, combinando muito bem com queijos e embutidos finos.
Origem: Serra da Mantiqueira
Cor: clara
Sabor: marcante
Saúde: propriedades anti-inflamatórias
Mel de cipó-uva
O cipó-uva (Serjania lethalis) é uma trepadeira muito comum na América do Sul. Ela proporciona um mel suave e floral, que harmoniza muito bem com frutas, fazendo dessa variedade a queridinha daqueles que levam uma vida fitness.
O mel de cipó-uva se destaca, principalmente, por ser muito nutritivo, rico em diversos tipos de vitaminas do complexo C e B, além de minerais como cálcio, ferro, potássio, zinco, manganês, selênio e magnésio.
Origem: América do Sul
Cor: bem clara
Sabor: floral adocicado
Saúde: propriedades antioxidantes e muito nutritivo
Mel de eucalipto
Cerca de 672 espécies de eucalipto (Eucalyptus sp.) são aptas a produzir mel. No Brasil, as variedades mais comuns são a Eucalyptus saligna e a Eucalyptus tereticornis, muitocomuns no estado de São Paulo e de Santa Catarina.
A particularidade desse mel é a cristalização rápida, o que faz com que haja presença de pequenos cristais ao ser degustado, proporcionando uma sensação única. Além disso, é um mel bastante aromático, seus aromas intensos proporcionam características singulares para essa variedade.
Origem: Sul e Sudeste
Cor: clara
Sabor: aromático
Saúde: bom para o sistema respiratório
Mel de laranjeira
O mel da laranjeira (Citrus sp.) é de tonalidade clara e sabor floral. É considerado um mel refinado por seu sabor acentuado, isso faz com que ele seja muito requisitado na gastronomia, principalmente em prato agridoces e sofisticados.
A apicultura dessa variedade costuma ser realizada em harmonia com a citricultura, por isso, os maiores produtores estão concentrados no estado de São Paulo, que é responsável por quase 80% da produção de laranjas no Brasil.
Origem: Sudeste
Cor: claro
Sabor: floral
Saúde: propriedades antioxidantes
Mel de marmeleiro
Esse é um mel singular, raro e muito requisitado por conta do seu aroma de cravo-da-índia, considerado o único do mundo com esse sabor. Isso faz com que esse tipo de mel seja tratado como uma verdadeira iguaria.
Essa variedade é extraída pelas abelhas das folhas do marmeleiro-branco (Croton blanchetianus), sendo produzido na região da Serra da Capivara, no estado do Piauí.
Origem: Serra da Capivara
Cor: clara
Sabor: cravo-da-índia
Saúde: propriedades anti-inflamatórias
Mel de quitoco
O quitoco (Pluchea sagittalis) é uma planta medicinal originaria da América do Sul, mas muito comum nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. Essa variedade de mel conta com valores de pH mais alto, o que faz com que ele seja menos ácido e mais digestivo.
Origem: Sul e Sudeste
Cor: clara
Sabor: suave
Saúde: ações digestivas e expectorantes
Mel de uva-japão
A uva-japão ou uva-japonesa (Hovenia dulcis) é uma planta originária do Japão e da Coreia, que proporciona um mel raro e nobre, característico por seu aroma forte, sabor suave e cristalização lenta.
Ele tem uma ação peculiar, servindo como desintoxicante do fígado, estimulando a secreção biliar e amenizando os efeitos do álcool no organismo.
Origem: Sul
Cor: âmbar médio
Sabor: suave
Saúde: desintoxicante do fígado
Mel silvestre
O mel silvestre é caracterizado pela presença de diversas floradas em um mesmo produto. Por conta disso, a melhor maneira de catalogar os méis silvestres é pelas regiões de origem (terroir), pois sua composição varia com a realidade da floral de onde são extraídos.
No Brasil, as principais regiões produtoras são a Caatinga, Chapada Diamantina, Pantanal, Mata Atlântica, Serra do Roncador, Serra da Capivara e Ortigueira no Paraná. Nas variedades multiflorais, é possível, algumas vezes, indicar a predominância de algumas floradas.
A caatinga brasileira proporciona algumas variedades de mel silvestre com predominâncias florais, como é o caso do mel de bamburral (Mesosphaerum suaveloens) e de jitirana (Ipomoea Cairica), variedades exóticas e raras.
Nós, do Clube do Mel, somos apaixonados pelo mel brasileiro e queremos sempre proporcionar a nossos clientes as melhores variedades desse lindo universo. Acompanhe nosso Blog e fique por dentro das novidades.